Barreiras Fortalecedoras

Mateus 15:21-28 

Jesus estava caminhando para os lados da Fenícia, cidades de Tiro e Sidom, e se hospedou numa casa. Uma mulher cananéia, em desespero, que viera daquelas regiões, clamava: “Minha filha está horrivelmente endemoninhada”. Que aflição tomava conta do coração e da alma daquela mãe! Ela precisava urgentemente de um grande milagre.

Nos último dias, Jesus não enxergava uma fé genuína no coração dos seus discípulos. Ele chama Pedro de homem de pequena fé (14:31), pois enquanto andava sobre as águas com Jesus, reparou a força do vento em alto mar, não firmou seus olhos Nele e então veio a se submergir. Chegando em Genesaré Jesus encontrou-se com alguns fariseus e escribas que vieram de Jerusalém e questionavam-no sobre as tradições dos antigos em virtude de seus discípulos não lavarem suas mãos ao comer, dentre outros assuntos. Demonstravam ser, de fato, homens sem fé.

Aquela mulher gentia clamava a Jesus como “Filho de Davi”, em plena convicção. Essa expressão era geralmente usada pelos judeus ao se referirem ao Messias que estava por vir. Então ela clama por sua filha endemoninhada. Mas algumas barreiras se levantam quando ela mais precisava de um milagre, e em cada uma delas podemos observar um propósito de Jesus.

A primeira barreira foi o silêncio de Jesus.

Enquanto ela esperava uma palavra de esperança ela não ouviu nada do Mestre. Que frustrante todo aquele clamor! Será que Jesus não iria dar uma palavra sequer de esperança aquele coração desesperado? Este silêncio de Jesus era pedagógico. Ele estava ensinando algo enquanto a aflição estava presente no coração daquela mulher. Não era um sinal de abandono ou reprovação de Jesus por mais que tenha ficado em silêncio. Era uma prova de que Ele desejava em primeiro lugar trabalhar na vida daquela mulher para só depois trabalhar por ela. Ele não desejou ver nela o mesmo que viu em Pedro, homem de pequena fé, mas uma fé trabalhada por Ele para que se tornasse grande e em plena convicção.

A segunda barreira foi o coração endurecido de seus discípulos.

O silêncio foi quebrado com uma atitude mesquinha dos discípulos: “Despede-a, pois vem clamando atrás de nós”. Eles a tiveram como uma barreira, quando, na verdade, eles eram a grande barreira ao agirem com indiferença e com tamanha religiosidade. Eles andavam com Jesus, mas não aprendiam sobre o que lhes ensinava. Tinham seus corações endurecidos, e não se compadeceram do clamor de uma cananéia, de uma mulher. Eles tinham, talvez, duas razões para assim fazer. Primeiro, porque era uma gentia e, como tal, não poderia se aproximar de um judeu. Segundo, ela incomodava-os por causa da demonstração de sua fé que eles não puderam demonstrar no dia anterior em alto mar. A religiosidade em seus corações os fazia críticos, sem compaixão. Mas Jesus via nela uma fé transparente e genuína que sobrepujava a dos discípulos e que ultrapassava barreiras.

A terceira barreira foram as duas respostas de Jesus

A primeira resposta de Jesus exprimia uma missão limitadora. Ele afirma ter sido enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel (24). Parecia que ela, então, estava fora de seu alcance. Não a poderia curar, pois tinha uma missão certa. Provavelmente, seus discípulos estivessem balançando a cabeça em ato de confirmação e orgulho. Mas Cristo não trabalhava apenas na vida daquela mulher, trabalhava também na dos discípulos, enquanto via nela um campo para trabalhar sua fé. Mas ela, em perseverança, o adora dizendo: “Senhor, Socorre-me”. (25) A mesma atitude de Pedro ao se submergir (14:30). Mas ela não deixa sua fé se afundar e permaneceu ali olhando para Jesus.

A segunda resposta de Jesus, em seguida, demonstrava uma visão de desperdício de seu poder. “Não é bom tomar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos.” (26). Ele afirma ser o pão da vida (Jo 6:48-51). E se não soubéssemos o que está acontecendo falaríamos que Jesus foi indelicado assim como os discípulos. Jesus afirma que não “desperdiçaria” seu poder sobre aqueles que um dia foram inimigos dos judeus. Mas, ela não desiste e concorda com Jesus: “Sim Senhor”: “O Senhor tem toda razão”, “O Senhor sabe de todas as coisas”, “Eu concordo plenamente com o Senhor...”; “mas os cachorrinhos comem das migalhas que caem das mesas de seus donos”. Que expressão de fé! Que palavra magnífica Jesus pôde ouvir naquela hora! Algo que não ouvira nos últimos dias, estava sendo expressa por uma mulher cananéia quando trabalhava em seu caráter, em meio à sua aflição. Com sua fé sendo lapidada ela compreendeu que aquele milagre seria uma expressão das migalhas da graça de Cristo.

O propósito de Cristo era de despertar naquela mulher uma fé revigorante.

Assim também você necessita de ter uma experiência real com Cristo. Mesmo que haja silêncio nos céus, mesmo que uma religiosidade endurecida caminhe lado a lado com você, ou quem sabe em seu próprio coração, e mesmo que haja lutas em seu caminhar, Deus está trabalhando para o fortalecimento de sua fé, a fim de que você o adore em meio às terríveis e assombrosas circunstâncias de sua vida.

Deus abençoe sua vida.

 

“...nos gloriemos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.” (Romanos 5:3-4)

  

Pastor Lucas